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World Languages, 04.03.2021 16:10 leonthegreat24

Os Escolhidos Era uma noite de carvão. Ao longe, mudos raios prenunciavam uma tempestade. Ela sentou-se na cama, cabelos empapados de suor,
o gelo escorrendo por suas costas magras. Já perdera a noção do tempo. Estaria ali há dias? Semanas? Não sabia. A grossa porta de
madeira pareceu tremer por um momento. Logo eles voltariam. Era assim sempre que a madrugada a envolvia com seu manto
pesado. Eles apareciam em bandos de cinco ou seis e a envolviam com sua névoa densa. Naqueles momentos, sentia sua alma sendo
sugada aos poucos, escorrendo lentamente de dentro do seu ser. Com ela, derretiam-se lentamente as memórias felizes. Ao começar
a perder a consciência, eles se afastavam e desapareciam no ar, fortalecidos com sua energia.
Passou a mão pelo rosto, olhou novamente pelo pequeno quadrado que emoldurava a noite e, mais uma vez, esperou. Sabia que
estava acordada. Nem o pior dos pesadelos seria capaz de causar tal pavor. Ouvira falar daquelas criaturas quando era criança, mas
achava que eram crendices contadas por uma anciã da vila, apenas lendas vindas de antigos viajantes aquecendo as mãos e a
imaginação à beira do fogo. A velha senhora dizia que os escolhidos para serem visitados escondiam segredos que nem eles mesmos
conheciam e nunca um deles sobrevivera para desvendar tal mistério. O que lhe parecera mito agora se concretizava como realidade.
Não havia entendido o porquê de estar ali até começar a se lembrar das visões. Sempre imaginara que eram sonhos, mas percebia a
verdade agora. O segredo que escondera de si mesma para se proteger havia sido descoberto. Compreendia agora que também fazia
parte da linhagem dos escolhidos, brilhava em sua essência a prata da ancestralidade Como seus iguais, enfrentaria seu destino e
sabia que não teria forças para vencer aqueles seres. Teve uma última visão, conseguiu entrever seu corpo, já desconectado de sua
alma, jazendo nas frias pedras do chão.
A madeira da porta rangeu. Não haveria mais espera. Finalmente teria de se defrontar com seu momento fatídico. Olhou mais uma
vez para a escuridão da noite e depois para as paredes esverdeadas de onde desciam úmidas veias, lágrimas daqueles que, como ela,
tiveram ali seu derradeiro sopro de vida. Registrou na retina sua última imagem, ajoelhou-se e fechou os olhos quando a porta se
abriu.
(Fabi Gonçalves - produzido para vocês, para esta prova)
1. Na ficção, o autor cria, através das palavras, o universo que desejar. Ele pode fazer isso explorando recursos que constroem
narrativas realistas, fantásticas ou maravilhosas. Algumas vezes, é possível identificar a qual tipo o texto pertence de imediato; em
outras, a identificação precisa de uma observação mais atenta. Tendo em mente essas considerações:
a) Em qual tipo de narrativa o fragmento acima se encaixa: realista ou fantástico?

b) Justifique sua resposta com um trecho do texto.

ansver
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